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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Madrigal Melancólico


O que eu adoro em ti, 
Não é a tua beleza. 
A beleza, é em nós que ela existe. 

A beleza é um conceito. 
E a Beleza é triste. 
Não é triste em si, 
Mas pelo que há nela de fragilidade e de incerteza. 

O que eu adoro em ti, 
Não é a tua inteligência. 
Não é o teu espírito sutil, 
Tão ágil, tão luminoso, 
- Ave solta no céu matinal da montanha. 
Nem é a tua ciência. 
Do coração dos homens e das coisas. 

O que eu adoro em ti, 
Não é a tua graça musical, 
Sucessiva e renovada a cada momento, 
Graça aérea como o teu próprio pensamento. 
Graça que perturba e satisfaz. 

O que eu adoro em ti, 
Não é a mãe que já perdi. 
Não é a irmã que já perdi. 
E meu pai. 

O que eu adoro em tua natureza, 
Não é o profundo instinto maternal 
Em teu flanco aberto como uma ferida. 
Nem a tua pureza . Nem a tua impureza. 
O que eu adoro em ti , lastima-me e consola-me ! 
O que eu adoro em ti, é a vida!

CRÉDITOS: MANOEL BANDEIRA

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