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sábado, 16 de abril de 2011

O BDSM e a Televisão

INTRODUÇÃO (AO TEXTO)...RSSS.

















Com a entrada da Tiazinha no extinto programa “H” na Bandeirantes, projetou a 
imagem da dominadora e com isso a aceitação e a divulgação da prática SM 
aumentou consideravelmente, como descreve o Jornal Folha de São Paulo do dia 
13 de setembro de 1998.
Foi a partir dessa notícia que vou desenrolar minha explanação, citando alguns

 programas de reportagem, novelas, propagandas na TV e discutindo se isso foi 
realmente benéfico para nossa imagem ou se acaba criando uma falsa imagem, 
criando preconceito.
Desta forma, entendo que a insistência de colocarem tais personagens como 

 dominadoras, nada mais é, do que buscar ibope e utilizar o BDSM para vender e para 
 chamar a atenção.


BDSM pela psicologia.
Segundo Valas (1994), existe um texto de Freud que não foi traduzido no Brasil onde 

ele analisa um caso de fetichismo por pés e conclui que uma estrutura comum de 
perversões é o fetichismovoyeurismo e masoquismo. A perversão fetichista é a 
manifestação consciente, lembrança recalcada e não uma pulsão dominante, não é o
 falo e sim o que pode ocultar o fato da mulher não ter pênis, daí que se origina o 
valor erótico do fetiche, poupando-lhe a angústia da castração. Desta forma, se dá
 a fixação na imagem recalcada no inconsciente.

Ainda Velas (1994), no resumo da 
gênese do masoquismo, o sujeito se faz objeto 

diante do parceiro, transformado em atormentador de seu fantasma, e goza 
pela erotização da dor infligida pelo parceiro. O sádico é um masoquista por 
procuração. Com a elaboração da teoria de pulsão de vida e de morte, o 
masoquismo sexual é um retorno a pulsão de morte.

Durandin (1997) afirma que a propaganda recorre, dentre tantas outras técnicas e 

teorias, das teorias de Freud, para sua elaboração. Estuda as motivações 
inconscientes dos compradores potenciais, para explorá-los, deslocamento dos 
afetos dos inconsciente para o produto a ser vendido.

Calazans (1992) explica que, na propaganda, o material apresentado (signo) tem 

como objetivo claro mostrar, transmitir, excitar ou informar sem disfarces e sem
 outras conotações. Mas na grande maioria das vezes, foram apresentados de 
forma camuflada ou de forma subliminar definido e por ser “qualquer estímulo 
abaixo do limiar da consciência, estímulo que - não obstante - produz efeito na 
atividadepsíquica”.

Os estímulos sexuais ou eróticos na propaganda subliminar são usados para seduzir o

consumidor a comprar um produto.


BDSM na propaganda: Propaganda subliminar
Uma das 
propagandas da Bombril aparece o ator Carlos Moreno com um porquinho 

com máscara de Dominador. Algumas situações podem nos remeter a uma fantasia 
BDSM, como por exemplo, a ninfeta do refrigerante “Sukita” ® que humilha um 
senhor que faz tudo para ela querendo conquista-lo e ela num tom irônico o chama 
de “Tio” se pensarmos em uma cena de humilhação, ou a propaganda do 
“OuroCard” ® onde aparece uma linda mulher fazendo massagens nas costas de seu 
marido, que se encontra deitando no chão e ela pisa em suas costas, lembrando uma 
cena de pisoteamento (Trampling).


O Vídeo-
Clip como propaganda
Marcondes Filho (1988), fala que no vídeo clip é passado idéias subliminares para o 

inconsciente.
Coelho 
Netto (1995) coloca o vídeo-clip como uma propaganda contínua, e diz que 

na MTV não existe comercial, pois toda programação é um grande comercial, o 
vídeo-clip é o próprio comercial.
Vamos citar alguns exemplos onde temos o uso de cenas que nos remete ao 
BDSM e

começamos porfetichismo por pés, que como vimos, Freud considera que 
existe uma associação entre fetichismo epodolatria, no estudo que ele fez de “Um 
caso de fetichismo por pés”.


Podolatria - Clip de Neneh Cherry “Kootchi” ManDir: Jean Batiste Modino.
O nome 
co clip é cócegas, uma das práticas de tortura do BDSM.
Este 
clip apresenta uma sessão de podolatria explícito, mostra o sonho da cantora, 

que está deitada numa cama com seus pés para fora da cama, descalça e a porta do
 quarto dá para um corredor longo. Deste corredor surgem vários homens, que vem,
 um a um, se arrastando submissos, pelo chão e ficam aos seus pés acariciando, 
 beijando e mordendo os pés, de uma forma excitante, deixando ela excitada e se 
contorcendo devido às carícias. No final do clip, mostra que foi um sonho. 
A música que ela canta, diz algo como, “eu quero você... e beije meus pés” de uma 
forma bem provocativa.

Voyeurismo e Sadomasoquismo, na visão de Freud também é uma associação com

um. - Skank “Garota Nacional” Dir: Artur Fontes/ Andrucha Nádegas.
clip apresenta um cliente de costas para nós espectadores e várias mulheres 

aparecem, uma a uma, dentro da caixa de vidro (Cabine). Indicação clara de 
voyeurismo e uma cena importante, onde uma das mulheres, colocando meias e 
outra de preto num sofá com uma corrente na mão, indicando ser uma 
 dominadora sádica. A música é descontraída falando de uma bela mulher e diz que 
com um olhar ela o domina.











Sadomasoquismo.
Fausto 
Fawcett e Falange Moulin Rouge. “Básico Instinto”
No 
Clip, homens estão assistindo um vídeo erótico e a música é um RAP-Rock e a 

letra faz alusão à atrizSharon Stone, referente ao filme “Instinto Selvagem” em que 
ela é a protagonista. No clip, temos cenas de violência. Numa cena rápida, uma 
mulher de botas cano longo preta, calcinha preta e mini-blusa preta, está sentada 
no vaso sanitário. Outra cena cria a impressão que uma delas está amarrada com 
 as mãos para cima e outra com uma vara na mão, como se fosse chicoteá-la. 
Nas cenas tem agressão física entre elas, um homem esbofeteando uma delas e uma 
 dando um tiro na testa de outra. Muita carga erótica e violência. Detalhe para uma 
cena onde a mulher aparece lixando as unhas, cena que se repete no clip de 
sadomasoquismo explícito do grupo Aerosmith, “Falling in Love is a hard on the 
Knees
Este clip não é exatamente BDSM, é claro, pois não existe consensualidade, não 
existe o são e nem o seguro, somente cenas de violência, mas que freqüentam as 
fantasias de muitos sadomasoquistas. A mulher fazendo suas necessidades no vaso 
sanitário leva a muitos coprofílicos e urofílicos a se excitarem ao ver tal cena. 
A Mulher dando um tiro remete a uma prática de sadomasoquismo extremo com uso
 de armas de fogo. A cena em que a mulher parece estar amarrada remeteria ao 
Bondage e a cena que parece que vai haver um espancamento com chicotes, leva 
direto à cena de sadismo. Mas tudo subliminar.

Camisa de 
Vênus “O ponteiro tá subindo” Quem é você? Dir: Machado/ R. Duram.
clip inicia com o cantor com uma corda no pescoço sendo puxado por uma jovem,

usando um boné militar preto com uma calça justa preta humilhando e agredindo-o 
verbalmente. Numa das cenas aparece uma mulher toda de preto, com máscara toda 
preta usado pelos praticantes SM. O Diretor foi indicado para o Vídeo Music Brasil na 
categoria Rock e audiência.
Este 
clip nos remete a fantasia que comumente denominamos Dominação/submissão, 

onde predomina a humilhação verbal e não a dor física


Thalia. “Gracias a Dios” En Extasis.
Neste 
clip temos cenas de sadomasoquismo explícitas, pois tudo indica que as cenas 

dão prazer para o homem que sofre nas mãos da cantora.
A cena 
SM se passa num porão, onde se encontra um homem com os olhos vendados 

amarrado numa cadeira, Thalia entra com roupa de couro preta e fica alisando o 
corpo do homem. Ele sem a venda, ela o ameaça com uma navalha de barbear, 
depois passa creme e faz a barba dele. Rasga sua roupa com a navalha. Com uma 
mangueira, joga um jato forte de água em seu corpo. Insinua beijá-lo, mas ele vira o
 rosto, e ela empurra a cadeira com os pés. Ele cai para trás. Noutra cena ele é 
amarrado pelos pés de ponta cabeça. Numa outra cena, ele está amarrado com as 
mãos para o alto, ela chega com um sutiã com duas chamas de fogo nos bicos e 
ascende o cigarro dele.
A cena dele vendado, amarrado na cadeira e empurrado pelo pé dela, é 

 semelhante as cenas do filme Lua de Fel, do diretor Roman Polansky. Na letra, ela 
fala que dá graças a vida e a Deus por estar com ele




















Ronaldo e os impedidos. “E o nome dela?” Dir Mc Fernades.
O cantor está sentado, com as mãos amarradas para trás e garotas vestidas com 

lingeries pretas e cinta-liga, com salto alto, jogam baldes de água em seu rosto, como
 um interrogatório com tortura.


Barão Vermelho. “Vem quente que eu estou fervendo” 
Dir: Gringo Cardin.
Algumas cenas rápidas, onde uma dominadora vestida de preto e máscara, chicoteia 

um homem.


Supla e Roger. “Encoleirado”.
Clip em preto e branco, muito criativo e divertido. Inicia com um diálogo entre Supla e

sua namorada pelo telefone. Ele diz que estava pensando em jogar um futebolzinho 
e depois estava pensando em tomar umchoppinho e ela responde muito brava: - 
Você está louco? Em seguida começa a música e ela sai com um cachorro pela 
coleira, indicando que ela leva seu namorado pela coleira, como seu cachorro. 
No refrão da música, Roger e Supla cantam: - Encoleirado, quase capado.
No 
clip, aparecem várias mulheres sensuais passeando com seu cachorro pela coleira.

Close em sapatos de salto alto e pés desnudos de mulher na cama.
No 
clip do Supla faz referências a uma das fantasias do masoquista que é usar coleira 

de cachorro e ser tratado como um cão.


Spice Girls “Say youll be there
São cinco mulheres que cantam e as coreografias são imitações golpes de artes 

 marciais. Atirambumerangues e revólver de raio lazer. Dão chutes e socos no ar. 
Aprisionam dois homens, um na terra, onde amarram com os braços abertos e o 
outro no teto do carro em que estava dirigindo.
No 
clip da Space Girl fica evidente a referência ao sadomasoquismo, chutes, socos e o 

bondage “(amarram homens)


Barrio Boyzz “Rico” Van a mi.
Clip se passa numa boate e aparecem cenas, onde homens de gravata olham através

de um aparelho oftalmológico e vê cenas de uma mulher loira dominadora fazendo 
uma sessão de sadomasoquismo num homem que é humilhado por ela.
Mulher toda de preto brilhante de látex, máscara preta nos olhos, com chicote na mão

e um homem com camiseta branca e cueca samba-canção sendo dominado por ela, 
ela o humilha e no final chicoteia suas costas.


Lulu Santos “
Cadê Você” Anti Ciclone Tropical. Dir: Gringo Cardia.
Neste 
Clip aparecem vários jovens andando pela cidade, procurando alguém. Surgem 

várias pessoas com roupas pretas ou brancas de couro ou borracha, com 
máscaras, vestimentas usadas por praticantessadomasoquistas. Uma das mulheres usa 
mascara com chifres de boi e tetas avantajadas. Closes em botas pretas de salto alto.
No final, uma destas de preto, puxa os cabelos de um dos jovens que está ajoelhado 
diante dela e outra passa baton num dos outros jovens. O Diretor foi indicado para o 
VídeoMusic Brasil na categoria Pop.
No 
clip do Lulu, além de mostrar roupas usadas por sadomasoquistas, o fato de a 

mulher passar batom no homem, indica o que falamos sobre uma prática associado ao
BDSM que é a feminização. O chifre na pessoa de máscara pode lembrar duas 
coisas, uma é a mulher dominadora agressiva, como um touro, mas outra coisa é
ele representar o “corno”, outra fantasia dos praticantes de BDSM.


Rhythm of Saliva “Rhythm of Saliva” J.L.Roadrunner .Dir: F. Kok/I.Van/ Reiner Bruins.
Música muito sensual, cujo fundo aparece um som, como se fosse um chicote 

batendo em algo. O clip é em preto e branco, mostra várias mulheres vestidas de 
roupas justa preta de látex, uma com desenhos no rosto como se fosse uma teia de 
aranha. No início, close em uma bota cano longo abrindo o zíper, depois a moça 
mostra para a câmera, seu pé com meia de seda preta. No clip, mostra uma mulher 
sentada num sofá, chicoteando outra, que segura o chicote com a boca, no mesmo 
instante que aparece na música o som do chicote. Um homem aparece preso numa 
teia de aranha.


Madona “
Erotica” e “Justify my Love
Cenas de sadomasoquismo explícito. No caso da Madona, teria que ser feito um 

 trabalho especial só para ela, pois ela usa e abusa do erotismo em seus clips.


New Edition “Hit me off” Home Again Dir: Joseph Kahn
Neste 
clip de música funk, mostra uma cena rápida, onde uma jovem vestida de 

preto, com salto alto preto, puxa um homem pela coleira que está sentado numa 
cadeira e pisa em seu peito.


ZZ Top Pincushion. Antena. DirJulien Temple.
Um 
clip de Rock que mostra a estória de uma noiva que é deixada no altar. 

No início do clip, ela entra revoltada no banheiro de sua casa e joga o ramalhete no 
vaso sanitário. Depois ela pega uma foto dele e todas as agressões que ela faz na 
foto, afeta ele no mesmo instante. Ele está na cama com outra mulher e sofre todas 
as torturas que ela faz. Ela enfia facas e tesouras em todo corpo dele, inclusive em 
seus genitais. Aparece ele no quarto sofrendo as dores e a acompanhante, que 
provavelmente é uma prostituta, fica tranqüila e começa a se vestir, não se 
importando com o sofrimento dele. Pega o dinheiro e estoura uma bexiga que está 
próximo ao rosto do noivo com o salto alto agulha de seu sapato. Fica nítido as 
torturas.


Aerosmith “Falling In Love Is On The Knees” Nine LivesSony MusicDir: Michael Bay.
Inicia com uma bela moça, vestindo uma blusa preta, de 
calcinha, cinta liga, meias 

pretas. Ela está numa sala muito ampla e segura uma corrente que prende a língua 
de um homem, que está de camiseta ecueca samba canção, preso numa caixa de 
vidro. Existe um pequeno orifício, por onde sai a corrente. Ele tenta falar algo para 
ela, a qual a chama de Miss, mas ela não dá importância. Ele não consegue falar 
devido a presilha da corrente em sua língua. Um homem está pendurado por 
fios, vê uma enfermeira que estava conversando com ele, ir embora e ele não 
poder fazer nada. O homem que está na gaiola, começa a serrar a corrente que 
prende a gaiola no teto. A mulher senta em cima da caixa de vidro e inicia lixar 
as unhas. Uma noiva rasga a saia do vestido que o noivo esta segurando e ele rola 
escada da igreja abaixo.A gaiola cai no chão. Mulheres beijam o joelho ferido. 
Sadomasoquismo explícito. Este clip é muito importante para conhecer os modos, 
costumes, indumentárias, enfim, como são os jogos e o imaginário das fantasias 
dos masoquistas e demonstrar como utilizam a propaganda subliminar para 
seduzir os espectadores que tem essas fantasias. A frieza da dominadora, o 
domínio pelo olhar, um “olhar de dominadora” representada da dominadora que 
fica sobre a caixa de vidro e lixa as unhas.
No 
clip do Aerosmith, é um conjunto de exemplos de práticas sadomasoquistas. Uma 

das fantasias é se fingir de morto. A presilha na língua indica a impossibilidade dele 
reagir, implorar e pedir. A caixa de vidro impossibilita ele tocá-la, mas não de ver 
(voyeurismo) e ele a vê fazendo as unhas, isto indica indiferença dela em relação ao 
homem masoquista e a outra seria a agressividade dela por estar “afiando as unhas” 
e de certa forma, estes cuidados são em momentos íntimos, o que aguça o 
voyeurismo. A cena do homem pendurado por fios e a enfermeira saindo de seu 
campo visual, indica o total desprezo. O fato de ele estar preso indica a prática do 
Bondage (prazer em ser amarrado). A cena da gaiola também é outra fantasia 
recorrente entre masoquistas. A cena do casamento se destaca pelo fato dele estar 
rastejando atrás dela e depois, quando a saia é rasgada, mostram-se suas 
peças íntimas (lingerie) provocando os fetichistas.


Filmes na Televisão
O filme é um dos eventos da televisão e temos um bom exemplo do sadomasoquismo 

como subliminar no filme passado na televisão, nove e meia semanas de amor, 
que muitos adoram, por ser um filme romântico e outro por ser um filme 
sadomasoquista, pois estava implícito no filme, não foi explicito como no clássico
 Historia d´O, A Bela da tarde, ou Tóquio em decadência. Depois do sucesso desse 
filme, algumas cenas foram usadas em propagandas comerciais, principalmente a 
cena próxima a geladeira, onde eles se divertiam, quando ele dava alimentos em sua 
boca.
Citamos aqui um exemplo de subliminar na análise de “nove e meia semanas de amor

” feito por WaldemarZusman (1994) como um exemplo de temática sadomasoquista 
implícita:

Nove e meia semanas de amor (nine ½ 
Weeks).
Dir Adrian Lyne
Com 
Mickey Rourke e Kim Basinger.
Nove e meia semanas de um relacionamento onde progressivamente foi se tornando

uma transgressão do respeito pela condição humana da mulher, demolição de sua 
dignidade. O envolvimento erótico era igual à analgesia. A analgesia foi feita 
pela excitação sexual, que suprimia a percepção do processo doloroso da humilhação.
Este processo foi meticulosamente 
arquitetado por John em nove etapas, daí o nome.

1ª Etapa. Criar ansiedade para obter o domínio sobre ela - Conta estórias de terror 
no restaurante italiano.
2ª Etapa. 
Tiranização cruel - A imobiliza numa roda gigante e se afasta - sadismo 

disfarçado de zelo e generosidade.
3ª Etapa. Exigências de Provas de Confiança - 
Faz sentir medo juntamente com 

excitação, reforçado pela relação sexual, numa linguagem Behaviorista – Ele venda os 
olhos dela, despe-a e pinga gotas de água gelada. Pede para não saber do passado nem
 dele, nem dela, como uma prova de confiança.
4ª Etapa. Hipnose por sugestão - Ele diz: Todos os dias às 12 horas você vai se 

lembrar de mim. Ao falar ele encosta o relógio em seu ouvido. Ela se masturba no dia 
seguinte.
5ª Etapa. Sadismo - Coloca colher de xarope para tosse e pimenta malagueta para ela 

mastigar, obrigando ela a ficar com olhos fechados no momento da alimentação, 
como se fosse uma mãe alimentando o filho.
6ª Etapa. Aplicação de castigos 
efetivos e merecidos - Cria situação onde ela fica só 

no apartamento dele e ela mexe nas coisas dele. Ele telefona dizendo para ela 
confessar o “ato não educado” e ela com medo confessa constrangida. Ele volta 
colérico e manda-a levantar a saia, ficar de frente para a parede para levar palmadas 
do merecido castigo. Na tentativa de fugir, ele a imobiliza na mesa e a possui com 
violência.
Até este ponto (as seis etapas) ele representa a própria mãe dele e ela 

 representa a ele mesmo quando criança, ele confessa: “Eu me vejo em você”
Isto se denomina identificação 
projetiva descrito por Melanie Klein, onde uma pessoa 

passa para dentro da outra, fazendo-o idêntico ao que foi projetado em seu interior.
A partir do momento que ela invade o mundo dele, o que era secreto passa a ser 

público e agora passa a representar a relação pai/filho, onde John é o pai e Lizzy o 
filho.
7ª Etapa. Homossexualismo / Travestismo - 
Lizzi se veste de homem em público a 

pedido. Segue-se briga de homens num beco e o roubo de um colar, sugerido por 
John. Por fim, na cena da compra da cama, ele pede a ela para que se deite com as
 pernas abertas, tendo a vendedora como testemunha e fala: “Pode abrir as pernas,
 papai não vai olhar”. A vendedora representa a mãe de John vendo seu marido traí-la.
8ª Etapa. Humilhação e degradação humana - Com chicote em punho, atira várias 
 notas de dinheiro no chão e manda-a pegá-las de quatro e depois rastejando. Quando
 ela nega, ele ameaça e a chicoteia, mais no chão, que no corpo dela. Isto é a 
representação da vida dela no mundo dos negócios.
9ª Etapa e última. Infidelidade, Humilhação e degradação máxima - Lizzy com os 

olhos vendados foi acariciada por uma prostituta que posteriormente se relaciona 
com John, ela a violenta e em seguida busca vingar-se indo para uma casa pornô e 
beija outro homem diante de John.
Representa a relação entre os pais de John presenciando ou fantasiado por ele 

 quando criança, na qual sua mãe passou por prostituta.


A Indústria cultural: A novela
Após a revolução industrial no século XVIII, vimos, após a segunda metade do 

século XIX, uma economia baseada o surgimento de uma economia baseada no 
consumo de bens e o surgimento da indústria cultural, que só iria aparecer com os
primeiros jornais. Outra coisa que surge uma arte para fácil consumo, com uma 
linguagem mais popular, acessível a todos, traçando de forma simplista o quadro da 
vida da época e que, aproveitando os “Meios de comunicação de massa” é 
divulgada e torna-se a “cultura de massa”. Esses termos e esses conceitos dão 
margens a muita polêmica e controvérsia. Dwight Mac Donald rotulou como cultura 
superior, produtos canonizados pela crítica erudita. Cultura média; do meio (Midcult)
a que remete aos valores pequeno-burgueses e a cultura de massa (mass culture) 
chamada por ele pejorativamente, de masscult, pois para ele não se trata, nem de 
cultura e nem de massa. Mas o que na época era o romance de folhetim, hoje é a 
novela. (Coelho Netto, 1996).
Nessa discussão toda, Coelho Netto (1996) coloca a dificuldade de distinção do que é

media cultura e cultura de massa e vejamos um exemplo prático relacionado ao 
nosso tema, o BDSM. A cultura média, seria uma versão facilitada de uma alta cultura,
então por exemplo, citamos a obra de Willian Shakespeare “A Megera Domada” um
clássico e que foi adaptado para o cinema. Desta forma temos um clássico, que é a 
alta cultura e um filme desse clássico, que seria a média cultura. Mas ai, desse 
clássico, fizeram duas novelas, uma a muitas décadas atrás, na extinta TV Tupi, 
chamado “O Machão” e recentemente, pela Rede Globo de televisão, com o nome
de “O Cravo e a Rosa”. Ai vem a pergunta: Essa adaptação é média cultura ou 
cultura de massa? Polêmica a parte, essas duas novelas têm um personagem que é 
basicamente um masoquista, o Cornélio, que na primeira versão era casado com
uma mulher obesa e terrivelmente dominadora e na versão da Rede Globo, o Cornélio
era casado com uma mulher cínica e dominadora, Dinorah e que, como o nome indica,
traia o marido. Mas não é somente essas cenas que levavam a fantasia dos 
sadomasoquistas, Julião Petruquio era um fazendeiro que tinha que casar com a 
filha de um banqueiro para saudar a dívida de sua fazenda hipotecada com o dote que 
iria receber e a mulher era uma fera e para tanto, teve que aceitar todas as exigências
que a mulher fazia como condição de casar com o “Casca grossa” como ela o 
xingava. Desta forma, ele teve que ser o cavalo da charrete e ela o chicoteava em 
plena rua da cidade, ele teve que ser cozinheiro dela e servi-la e uma série de 
humilhações. Da mesma forma, a Dinorah que quando foi flagrada com seu amante, 
teve que trabalhar como arrumadeira de um hotel onde o Cornélio era hóspede e 
teve que ser a empregadinha do ex-marido.
Quando se reproduz novela da época colonial, Escrava Isaura, Xica da Silva, etc. ou 
séries como a recente “O quinto dos infernos”, as cenas de torturas ou de 
chicoteamente nos escravos, ou nos não escravos, como o pai de Dom Pedro I 
chicoteando seu filho não deixa de excitar pela forma realista das filmagens.


Reportagens sensacionalistas.
A televisão é um dos meios utilizados para a divulgação dos produtos produzidos, pelo

 que chamamos de Indústria Cultural e sobre esse assunto, Umberto Eco (1976) 
analisa dois grupos que tem visões diferentes sobre isso, os “Apocalípticos” que 
vêem a indústria cultural capaz de produzir ou acelerar a degradação do homem, 
isto é, a alienação e outro grupo, os “Integrados”, que consideram que a Indústria 
cultural divulga e revela para o homem as significações do mundo em grande 
velocidade devido a tecnologia e a forma democrática.
Recentemente tivemos programas de reportagem, ditas sérias, que apresentaram o 

BDSM e foi alvo de muita critica e controvérsia. Crítica pelos praticantes, que disseram
 que só se mostrou o lado negativo, perverso e doentio do sadomasoquismo e 
satisfação para os que nunca tinham visto cenas de sadomasoquismo, mas tinham 
curiosidade de ver. Daí julgar se foram boas essas reportagens ou foram ruins para a 
divulgação do BDSM na mídia, é estar entre os “Integrados”, aqueles que acreditam 
que a indústria cultural mostra o que realmente existe ou os “Apocalípticos”, que 
acham que estão essa indústria aliena o homem, mostrando cenas que não tem 
nada a construir, e sim a denegrir a imagem do BDSM. O “Repórter SBT” 
apresentado por Marília Gabriela teve como um dos temas, o sadomasoquismo. 
Neste programa, foram apresentados vários eventos relacionados ao 
sadomasoquismo, tais como um show com duas atrizes, onde uma amarra a outra e 
fazem uma cena ao público, mostra também um casal de namorados, onde o 
namorado é “escravo” dela e ela, com uma máscara escondendo o seu rosto, o 
humilha, querendo demonstrar como fazem as cenas na intimidade. Também tem as
 vídeo-locadoras que aluga filmes de sadomasoquismo e finalmente apresenta 
uma cena onde uma dominadora profissional, Sueli, feminiza seu cliente, com seu 
rosto escondido por uma meia preta, que se diz empresário, e segue um “script”, 
iniciando com a adoração dos pés da rainha, depois humilhações, bondage e nessa 
hora a profissional diz que deixa ele amarrado e vai fazer compras, ignorando o 
escravo, depois volta e mais humilhações.
Outro programa que teve o mesmo roteiro foi o extinto Documento Especial, que 

era apresentado na rede Manchete de televisão e transmitiu um especial sobre 
 sadomasoquismo, onde apresentou uma profissional dominadora em plena ação, com 
um cliente num quarto de motel. Ela vestida de blusa de couro, saia e botas tudo de 
cor preta. Ele de coleira e cueca. Ao entrar no quarto, trazendo ele pela coleira, 
mandou se ajoelhar e beijar suas botas. Tirá-las devagar, ficar de quatro. Ela sentou 
em cima dele e mandou latir como um cachorrinho. Depois ficar em pé em cima da 
cama e rebolar. Batia nele, em seu rosto. Deitou-o na cama e beliscava com um 
aparelho feito para isso. Depois se deitou na cama, mexeu em seu pênis com os pés, 
mandou tirar a sunga e se masturbar. No final disse que os clientes gostam que 
batam em sua cara, que “transem” com ele, mas ela nunca “transa” com escravos. 
Lá fora “dá uma de macho” e aqui dentro, beija meus pés.
A repórter pergunta: - o que tem de bom em ser dominado?
- É um carinho.
O Jornal Folha de São Paulo, no dia seguinte, critica esses comentários. Que é um 

absurdo achar um carinho em apanhar.
No final do programa, mostra uma boate voltada para isso e a cena com a dominadora

 é feito num palco ao vivo.
Neste programa aparece uma entrevista exclusiva com a jornalista e escritora Wilma 

Azevedo, ela aparece toda de preto, roupa típica dos adeptos, e com máscara no 
rosto. Ela explica que a dominadora não é aquela pessoa que bate no parceiro, 
simplesmente para causar dor, mas sim um jogo, onde ambos têm prazer. Existe uma
diferença em causar o prazer e a dor e a maldade. Em seu depoimento ele disse
que entrevistou uma profissional dominadora e ela disse: Eu tenho ódio dos homens e
quando eles vão ao meu estúdio eu bato mesmo. Wilma fala que não é nada disso.
Outro tipo de programa que se pretende ser visto como sérios, são os de 

entrevista. Jô Soares entreverou Wilma de Azevedo no lançamento do livro “SM sem
 medo” e entrevistou também Sara Domina, na época, uma dominadora profissional 
do Rio de Janeiro, onde ela aparece com um véu escondendo seu rosto. Outro 
programa de entrevista onde foi debatido o sadomasoquismo foi Silvia Popovic.


BDSM na televisão Paga
O Programa Sex bits foram produzidos pela TV HBO dos EUA e passava todas as 

 sextas as zero e trinta horas. Falam do sexo exótico em geral, não especificamente
 de BDSM. No programa número 2, fomos mostrados o fetichismo por pés, 
com depoimentos e depois sobre o sadomasoquismo.
No dia 06 de junho de 1997, foi apresentado o programa de número 3, onde mostrou 

um serralheiro que fabrica gaiolas de ferro, Roda do infortúnio e outros aparelhos, 
baseados nos aparelhos utilizados pela santa inquisição da idade media, produzida 
para a comunidade fetichista e para a comunidade sadomasoquista, diz que fica 
contente colocar sua arte para satisfazer as vontades dos adeptos.
Uma das usuárias, que está presa em uma gaiola que ele denomina de abacaxi, diz 

que gosta de sentir-se uma coitada aprisionada.
Neste mesmo programa, mostra uma estilista dos EUA que produz roupas 

 sadomasoquistas, espartilhos, camisolas, faz desde a menor das saias até vestidos 
longos. Ela gosta de usar Látex, pois fica bem justo e marcam o corpo da mulher, as
 suas linhas. No seu depoimento diz que “a sociedade vê a moda fetichista como 
arcaica, decadente e rude e ela quer mudar isso. Ela tem página na Web (Internet).
Num outro programa, apresentado no dia 04 de julho de 1997, foi entrevistado 

 uma “dominadora”, uma mulher de programa que representa uma sádica para 
 clientes sadomasoquistas com tendência masoquista. Uma jovem negra estava com 
 vestido curta preto, um pouco obesa, mas com um rosto muito belo. Seu depoimento:
“Fiz sadomasoquismo com vários namorados e com outros por dois anos. Sou 

 dominadora profissional há 10 meses. Todos têm um lado dominante e outro submisso. Eu gosto de prover muita dor”.
Ela dominou um casal jovem, ambos loiros, amarrou e chicoteou ambos. Derramou 

 cera derretida em seus corpos. Pede que a cada chicotada eles miem como gatos. 
Ambos a tratam como Mrs. Ambos dão seu depoimento, a loira inicia:
“Sou a típica mulher americana. Sou secretária numa firma. Sempre tive fantasias com

 isso, não sei bem como explicar. É como vários fogos de artifício explodindo no 
corpo e cada um dá uma sensação diferente. Somos submissos. Seremos quem 
realmente tem o controle. É assim, os dominadores são os que controlam. Ela 
(dominadora) tenta nos satisfazer de alguma maneira e vemos até onde ela pode ir.”
A dominadora continua: “Muitos americanos temem o prazer, o desejo, a luxúria. 

Quero ajudar as pessoas a perceberem que fazer coisas pervertidas pode ser bom e 
excitante”.


Conclusão
Em nosso trabalho, identificamos muitas imagens na televisão com conotação 

 fetichista e sadomasoquista, de forma explícita ou implícita (subliminar) e que exige 
um olhar treinado para desvendá-lo. A maior parte das mensagens dirige-se às 
pulsões eróticas, apresentando conteúdo sexual, podendo se afirmar que elas se 
dirigem ao cérebro reptiliano (Id), visando uma motivação física ou fisiológica. 
Os olhos podem não ter visto, mas o coração reage emocionalmente ao sinal 
subliminar. O maior exemplo disso são as propagandas de cerveja que fazem uma 
correlação a garrafa da cerveja com o corpo quase nu da uma mulher de corpo 
escultural. Mas será que não se usa cenas BDSM para também estimular e excitar os 
praticantes de BDSM e associá-lo ao produto, erotizando esse produto? 
Explicitamente é correto afirmar que, pelo menos na televisão não, exceto uma 
propaganda da Bombril onde o ator Carlos Moreno aparece com um porquinho com 
máscara de Dominador. Seria forçar muito em afirmar que foi baseado em cenas de
BDSM, se foi ou não, tem certas cenas que chegam a excitar, se foi pensado ou não, 
nunca saberemos, mas que pode ser subliminar, isso pode e dessa forma eu poderia
citar infinitas propagandas em que existem cenas de humilhação, ou tortura que
implicitamente remete a fantasia sadomasoquista, mas ficaríamos no “pode ser” ou
“não pode ser” e por isso quero abordar somente aquilo que realmente é cenas de 
BDSM explícitas na propaganda e isso se encontra basicamente nos Vide-Clips tanto 
nacional como no clips americanos, já que video-clip é a propaganda para se 
vender o CD e desta forma, podemos concluir que o BDSM é sim, usado como forma 
subliminar para excitar o consumidor que tem tendência BDSM a se estimular com a 
música e comprar o CD, nada mais. Não existe nenhum clip que leva o BDSM como uma
arte ou algo corriqueiro.
Nos vídeo-clips, o BDSM é colocado apenas como um estímulo e não contribui em 
 nada para a divulgação e a aceitação. Pior ainda a Tiazinha, quando protagonizava
 uma dominadora e que destruía a imagem de uma dominadora séria, cantando e
rebolando diante das câmeras de televisão.
Dos programas de reportagem, que pretendem ser um documentário para 

 desmistificar o sadomasoquismo, acaba promovendo vídeo-locadoras eróticas, 
 profissionais do sexo, isto é, o comércio que envolve o sadomasoquismo e aumentar 
seu ibope usando o BDSM como algo sensacionalista, algo excepcional e o pior, o fato 
de ser tudo demonstrado como algo proibido, implícito no fato das pessoas 
terem que esconder seus rostos com máscaras, além dos comentários irônicos dos 
jornalistas, o espanto com tais cenas, joga o sadomasoquismo como proibido. Mesmo
 no programa exibido nos EUA pela HBO, basicamente se mostrou o comércio no 
mundo BDSM, o vendedor de artefatos e aparelhos, a profissional do sexo, e não se 
falou na da liturgia BDSM, das regras, das normas, do são seguro e comercial,
apenas o comercio, como se as dominadoras reinassem absolutas no mundo BDSM.
Nas novelas, o BDSM é domesticado, não é explícito, não é percebido, somente 

subliminarmente.
Desta forma, concluímos que o BDSM é apenas usado nos meios de comunicação, 

ainda não tivemos um programa que pudesse esclarecer, que pudesse acrescentar e
divulgar como uma prática sadia, consensual e segura, pelo contrário, cria-se mais 
preconceitos em cima do assunto.


Bibliografia
COELHO NETTO, J. Teixeira, “Moderno pós-moderno”, SP, Ed. Iluminuras. 3ª edição, 1995.
COELHO NETTO, J. Teixeira, O que é indústria Cultural, SP, Brasiliense, 1996.
ECO, Umberto, Apocalípticos e integrados, SP, Perspectiva, 1976.
CALAZANS, Flávio, Propaganda subliminar multimídia, SP, Summus, 1992.
DURANDIN, Guy, As mentiras na propaganda e na publicidade, SP, JSN, 1997.
VALAS, Patrick; Freud e a Perversão, RJ, Zahar, 1994.
ZUSMAN, Waldemar, Os filmes que vi com Freud, RJ, Imago, 1994.
Jornal Folha de São Paulo do dia 13 de setembro de 1998.

Autor: Sacher

 DOM ERICK

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