Antes de amar-te,
amor, nada era meu
Vacilei pelas ruas
e as coisas:
Nada contava
nem tinha nome:
O mundo era do ar
que esperava.
E conheci
salões cinzentos,
Túneis habitados pela lua,
Hangares cruéis
que se despediam,
Perguntas que
insistiam na areia.
Tudo estava vazio,
morto e mudo,
Caído, abandonado
e decaído,
Tudo era
inalienavelmente alheio,
Tudo era dos outros
e de ninguém,
Até que tua beleza
e tua pobreza
De dádivas
encheram o outono.
Pablo Neruda
terça-feira, 29 de junho de 2010
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