Acredito que por mais que exista uma complacência entre duas pessoas, dentro de uma relação BDSMista, com suas posições esclarecidas e definidas, mesmo assim, haverá um momento, em que terão opiniões divergentes. Sei que esse meu sucinto pensamento seria motivo suficiente para se iniciar uma profunda discussão a respeito de uma questão que muitos acreditam ser intransponível e inquestionável numa relação D/s: o conflito de opiniões entre o Dono e sua serva. Entretanto, não é essa a minha intenção nesta postagem.
O que quero expor neste texto trata-se apenas da minha opinião sobre algo que possa acontecer, afinal estamos lhe dando com pessoas. Pessoas pensantes, diga de passagem. Devido a isso, é necessário que se tenha um jogo de cintura para se encarar de uma forma que venha trazer crescimento para os envolvidos e consequentemente uma enriquecimento para a relação.
Também não estou dizendo que tal situação deva ser vista como normal, afinal, penso eu, brigar/discutir não é seja fetiche que alguém possa ter e muito mesmo uma parafilia que exista (se existe, eu desconheço). Discussões desnecessárias, brigas infantis não é bom em um relacionamento baunilha e muito menos para uma relação baseada, unica e exclusivamente, no prazer como é o BDSM.
Mas se isso já aconteceu, ou seja, foram para oa "fight", tem apenas que esperar os ânimos exaltados se acalmarem e tentar aprender algo novo com toda essa situação. Ganhar alguma experiência e melhorar não apenas a si, mas tudo que está a sua volta, inclusive a outra pessoa.
Se acontecer um conflito de opiniões, onde se niciou pela parte dominada, a qual aparentemente não deveria ter tal direito ou sequer de pensar nisso (alguns acreditam nisso, eu não), acredito que o bom Dominador possa encarar tal situação como uma "boa briga". Um exercício no qual possa mostrar para a sua sua peça, que Ele é uma pessoa de mente aberta e que pode, dependendo do é exposto, mudar para melhor.
A “boa briga” é muito diferente de gritar e xingar, que isso fique bem claro. Muito diferente também de atitudes como a de ficar mudos e emburrados um com o outro. Ou ainda, de insistir nas eternas reclamações, que só desgastam e amortecem o conflito, quando o fundamental é enfrentá-lo.
A “boa briga” é aquela em que todas as opiniões são legitimadas e respeitadas. Talvez não se chegue a um consenso entre as partes em um primeiro momento, mas é importante que as os envolvidos se manifestem, que ambos possam se expor, sem simular que está tudo bem, quando na verdade não está. Discutir só para ver quem tem razão é destrutivo e não ajuda a simbolizar o que é necessário. E, diante da comparação, teremos que elaborar ganhos, perdas e as idealizações a respeito do parceiro.
O segredo é fazer-se escutar e abrir-se para ouvir o outro de forma respeitosa. Caso contrário, o motivo da “briga” deixa de ser importante, e sempre haverá a disputa pela última palavra. É preciso ter cuidado com as certezas absolutas, a ilusão da verdade única. O que existe são duas visões que precisam ser respeitadas. Isso abrirá espaço para futuras negociações.
Por mais que exista amor, confiança e entrega, o convívio mostra que o outro não é “tudo o que você sonhou”, e sim, uma pessoa real, com qualidades e defeitos, que pode pensar diferente, mesmo estando do outro lado do chicote. Sendo você uma submissa, cujo relacionamento como o seu Dono permite que expresse o seu ponto de vista, mesmo que seja uma opinião diferente, mas para enriquecer a relação, não fique de boca fechada. O que você pensa também é importante.
Sendo você um Dominador convicto de seus ideais, ciente dos objetivos que deseja alcançar e inteligente o suficiente para ouvir a outra parte que divide contigo a relação, continue assim. Agora se você é um Dominador sem as características citadas, procure ser. Tenho certeza que os dois vão ganhar com isso tudo.
terça-feira, 8 de junho de 2010
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