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quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Madrigal Melancólico

O que eu adoro em ti, Não é a tua beleza.
A beleza, é em nós que ela existe.
A beleza é um conceito.
E a Beleza é triste.
Não é triste em si,
Mas pelo que há nela de fragilidade e de incerteza.
O que eu adoro em ti,
Não é a tua inteligência.
Não é o teu espírito sutil,
Tão ágil, tão luminoso,
Ave solta no céu matinal da montanha.
Nem é a tua ciência.
Do coração dos homens e das coisas.
O que eu adoro em ti,
Não é a tua graça musical,
Sucessiva e renovada a cada momento,
Graça aérea como o teu próprio pensamento.
Graça que perturba e satisfaz.
O que eu adoro em ti,
Não é a mãe que já perdi.
Não é a irmã que já perdi.
E meu pai.
O que eu adoro em tua natureza,
Não é o profundo instinto maternal
Em teu flanco aberto como uma ferida.
Nem a tua pureza . Nem a tua impureza.
O que eu adoro em ti , lastima-me e consola-me !
O que eu adoro em ti, é a vida!


CRÉDITOS: (Manuel Bandeira)

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