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sábado, 25 de junho de 2011

Á ESPERA


Me preparo: malas, cabeleireiro, até unhas... Depilação completa, não me resta um pelo.

Estamos num hotel. Viajando, apenas nós dois: três dias de lua-de-mel. 
É uma cidade pequena, chegamos de manhã. Sem muitas atrações turísticas, apenas privacidade, bons restaurantes e um belo hotel. Café da manhã.
No quarto:
Tomo meu banho. O senhor não espera que eu me vista, me põe de joelhos de frente para uma linda poltrona perto da janela. É o primeiro móvel que se vê ao entrar no grande quarto.
Amarra lindamente meus pulsos nas costas. Faz com que eu me debruce sobre a poltrona, rosto no assento, joelhos no chão. Põe em meu pescoço a tal coleira nova com suas iniciais e, dessa vez, não usa a guia de metal, mas uma corda, que amarra no móvel, de forma que eu não possa erguer a cabeça, o tronco.
Faz tudo devagar. Está fumando, o quarto está claro. Para. Dá uns passos atrás e me olha. Sei que me olha.
Afasta minhas pernas e as amarra aos pés da poltrona.
Toca-me, me enlouquece. Bate.
Bate, bate, bate, com as mãos, até que eu esteja cor-de-rosa...
E sai.
Difícil encontrar palavras para minha tortura, querendo-o... Completamente imóvel, sem chances de libertar-me. Exposta e à mercê da pessoa que abrir a porta daquele quarto. Serei sua primeira visão.
Passou muito tempo. Duas horas? Três? Ouço passos perto da porta, tremo... Mas é apenas alguém passando por ali.
Isso se repete tantas vezes que já não acredito que seja meu senhor chegando...
Quatro horas? Cinco? Só sei que passa de meio-dia, por causa do sol, e escuto a porta se abrir...
Sem dizer palavra, liberta-me as pernas e o pescoço. Ergue-me do chão, e não me atrevo a levantar os olhos. Conduz-me ao banheiro, senta-me na privada e espera que eu faça xixi. Lava-me com as mãos molhadas, seca-me, meu pulsos ainda estão presos...
Leva-me ao quarto, ajoelha-me perto da cama, longe da porta, de onde vem a batida: almoço no quarto.
Meu senhor coloca um prato no chão. Salada. Sem talheres. Já entendi.
Enquanto como, escuto o som dos talheres: está cortando algo. Espera que eu termine, e põe no chão outro prato, a carne toda cortada. Como. O dono dá-me meio copo de água, na boca... Segura  meu rosto com paixão enquanto usa um guardanapo para secar meus lábios.
Que cavalheiro, enche uma taça de vinho, e dá-me com paciência. Que cavalheiro!!! Acende-me um cigarro, e coloca-o em minha boca, repetidamente, até que eu termine de fumar...
E leva-me de volta. À poltrona. Tudo igual.
Tranca a porta ao sair. Não pude ouvir o som de sua voz durante sua breve visita. Não pude tocá-lo. Não pude olhá-lo.
Estou só. As horas passam, o corpo dói. O sol está baixo, fim de tarde. Quero fumar! Quero sair!
As lágrimas correm em meu rosto, mas não emito um som. Meus joelhos estão formigando, meu rosto cansado de estar deitado, fios de cabelo entraram em minha boca e não consigo tirar.
Penso que não posso mais suportar, sem imaginar que meu senhor ainda leva umas horas pra chegar... O que estará fazendo?
É noite. Já não faço ideia de há quanto tempo espero. Finalmente, o som da fechadura. Não sei se é alívio, se é medo... Sei o que verá a pessoa que entrar, que vergonha...
Mas só pode ser o dono... Sim, escuto o som de sua voz. Percebo que fala ao telefone, com algum amigo.
Não me mexo, não falo. Espero. O senhor passa por mim, senta-se na cama, ainda ao telefone.
Não viro meu rosto para olhar. Desligou. Escuto seus passos.
É completamente involuntário o gemido que me escapa ao sentir suas mãos quentes em minhas costas. Não, não queria chorar, nem dizer nada. Simplesmente escapa.
Meu senhor se inclina, beija-me o rosto, os olhos, afasta meus cabelos, tira-os de minha boca, ufa...
De novo solta-me as pernas, o pescoço e, dessa vez, também os pulsos. Solto um gemido de dor, ao mover novamente os braços. Mal consigo tirá-los da posição em que estavam. Os joelhos estão machucados. Ainda estou de costas.
O senhor coloca-me a guia de metal, leva-me por ela até a cama, e é então que meu coração dispara, ao ver a linda  moça que está sentada ali, tomando vinho, sorrindo.
É inevitável: desvio os olhos e volto-me para ele, abraçando-me ao senhor, escondendo o rosto em seu peito. O dono me abraça, acaricia-me os cabelos, levanta meu rosto pelo queixo e beija-me, um beijo de enlouquecer qualquer mortal... Com um olhar firme em meus olhos, segura a guia de novo e conduz-me ao pé da cama. Ajoelha-se junto comigo, orientando meus movimentos. Com sutileza, abaixa minha cabeça até o chão e, quando estou já estou na posição que ele quer, levanta-se, deixa-me.
Já sei que vai se divertir. Estou acomodada, serena, prostrada. Espero... Para sempre, se for preciso.
Mas não é para sempre. Só até de manhã... 


CRÉDITOS: KYRA

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