Às portas de 2010 completará 10 anos que estou no SM. Voltando um pouco no tempo, lembro-me que os primeiros contatos que tive com o meio eram feitos por meio de anúncios publicados no Jornal SM - Sarah Domina - escritos pelo Grego no Rio de Janeiro. As pessoas liam os anúncios e se comunicavam via Caixa Postal do Correio. Esperávamos vários dias para obter a resposta de uma correspondência, isto quando a recebíamos. Nessa época o acesso à Internet no Brasil ainda era muito limitado, sobretudo para a difusão de temas polêmicos como o SM.
Participei de reuniões do “Grupo SoMos”, grupo criado em São Paulo que deu origem a se pensar no SM na coletividade. Frequentei o original Vahalha – Primeiro clube com temática SM, também em São Paulo – que tinha como proprietários Mistress Barbara Reine e o Sádico Klaus. Não consigo contar quantas vezes fui ao Clube Dominna, participei de Plays-Party, encontros sociais em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e em Brasília. Ministrei algumas palestras, conversei com muitos Dominadores, submissas e também curiosos. Frequentar o meio SM com regularidade justificou-se pela necessidade que tive de sair do mundo da fantasia imaginária e conhecer as pessoas reais que partilhavam das mesmas idéias, concepções e gostos que eu, o que a meu ver é uma rica troca de experiências.
Nas situações que tenho vivenciado ao frequentar meios virtuais de SM, chama-me a atenção a quantidade de sites, blogs, anúncios, Orkut e outros, onde pseudo-dominadores afirmam ter até 40 anos de experiências no SM. Alguns chegam a se autointitular precursores do movimento BDSM no Brasil. Não que não existam, mas geralmente são pessoas que existem somente no meio virtual e para não se identificarem inventam histórias mirabolantes.
O que não dá para entender é que vivendo em plena era da informação, – onde cada vez mais as pessoas são fotografadas, filmadas, têm suas conversas telefônicas grampeadas, o próprio aumento da violência e a marginalidade no Brasil fizeram com que as pessoas passassem a viver em constante estado de vigilância – um número considerável de submissas (uso os termos Dominador e submissa, porque esta é a minha realidade, mas vale também para os papéis inversos e de ambos os sexos), na ânsia de viver suas fantasias, ainda se deixem levar por este tipo de pessoas que se dizem Dominadores.
Preocupa-me – e isso se torna cada vez mais comum – ouvir histórias de pseudo-dominadores que já têm um discurso pronto de rico repertório: afirmam ter nascido com o chicote na mão, dizem saber tudo de tudo, sempre têm várias escravas, namoradas baunilhas e nunca se apaixonam por escravas. Esses pseudo-dominadores no começo até ensaiam uma prática aqui outra ali, mas prometem muito mais do que sequer têm noção; fazem tantas proezas até o dia que as escravas se cansam, devolvem suas coleiras e aí sim, as máscaras dos indivíduos caem.
A partir de então, esses indivíduos passam a retratar suas verdadeiras identidades, quando, de posse de informações que suas ex-escravas lhes confiaram, esses “poderosos ordinários” passam a usá-las como instrumento de chantagem. Fazem ameaças em níveis sórdidos e do mais baixo calão expondo-as de forma vil diante de suas famílias, no trabalho e até mesmo no seu círculo de amigos. São práticas comuns desses sujeitos: uso de senhas pessoais, envio de fotos de sessão, golpes financeiros, telefonemas e emails degradantes. Isto sem contar aqueles que acabam causando danos físicos, às vezes, irreversíveis como marcar a escrava com ferro quente num primeiro encontro. Estas e uma infinidade de outras práticas e atitudes espúrias e criminosas têm acontecido em nome do autêntico BDSM. Fora a esses pseudo-dominadores!
Nunca é demais reforçar o estado de ALERTA: “dominador” que nunca pode aparecer provavelmente não é capaz de realizar a fantasia dele muito menos a sua. Procure se informar no meio sobre a pessoa, ninguém o conhece pessoalmente, ou nunca ouviu falar, fique atenta. Não se sustenta financeiramente e precisa que você pague suas contas, alegando que tudo não passa de uma fantasia, isso tem outro nome. Caso ele afirme que para ser submissa você tem que fornecer suas senhas do email pessoal, de cartões de crédito, saia de fininho.
É preciso que a escrava entenda que fantasia e realidade não se confundem. Quer viver o BDSM de forma segura? Crie uma conta de email específica para isto, MSN, Orkut e outros afins. De preferência nem comente que você usa esses recursos virtuais no seu mundo baunilha, vai evitar muitos aborrecimentos.
Caso a escrava esteja à procura de um Dono, é imperativo que ela gaste um bom tempo conhecendo o homem que está por de trás da personagem. Informe-se o máximo possível, pois ansiedade e confiança demasiada no incerto são os piores inimigos. Não sentiu firmeza? Recue! Muitas vezes é melhor dar um passo para trás e de forma segura e prazerosa seguir adiante. Lembre-se de que o objetivo do SM é ter prazer, é respeitar o que é São, Seguro e de livre escolha de ambas as partes. Afinal, Dominação não se confunde com mau-caratismo!
Saudações, Mestre K@!
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
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Excelente seu comentário e peço autorização pra postar seu texto no meu com a devida indicação do seu nome...antes de ter minha primeira sessão tive um mes de conversa e orientação do meu dono em local publico e procurei me informar sobre ele, tive referencias até sobre a familia, antes da escrava vem a mulher e mãe e no mundo doido q vivemos temos q ter cuidado, acho extremamente didatico seu texto, parabéns senhor...espero sua autorização.Agradeço desde já
ResponderExcluirMALU, TODO TEXTO QUE TEM CARÁTER INFORMATIVO, PÓDE E DEVE SER PUBLICADO E AMPLAMENTE DIVULGADO PARA QUE AJUDE E ORIENTE AS PESSOAS QUE PRECISAM. POREM, ESTE TEXTO NÃO É MEU. QUANDO PUBLICAR, DÊ OS CRÉDITOS AO MESTRE K@
ResponderExcluirBJS