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quinta-feira, 23 de setembro de 2010

"POEMA IMPERFEITO"


Meu dedo indicador em sua laringe Minha língua
Entre seus dentes
Minha saliva tenta resgatar a sua alma
Explosões, júbilo, ganidos
Danças roubadas das tribos servis
Do outro lado do oceano
Do fundo do mar de complacência
Não se chama amor
O que nos arrebata
Nem paixão
Nem qualquer outra coisa sem nome
Nem medo de se perder
No caminho das pedras
Lisas
Sob nossos pés
Amor, não
Nenhuma dessas coisas que os livros inventam
Para enganar os desavisados
O que nos une é o medo
O medo rotundo, protuberante
O temor
De morrer sem ninguém para lamber nossos olhos
Na hora da sombra mais negra
Banhar nossos corpos flácidos


CRÉDITOS: MAXIMILIANO ROSA

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