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quarta-feira, 22 de setembro de 2010

O BEIJO


O burgo tem fossos profundos onde me afogo, e um mar
de flores virtuais, e sirenes estridentes,
e lacônico sofrimento em cada esquina... Afogo-me
nos suores, ecos, arpejos, no ritmo imperturbável
das fatalidades orquestradas em bares fedorentos,
em camas de motéis baratos,
nos gabinetes dos respeitáveis homens públicos: e bebo
de toda a fantasia que exala de suas peles: choro
e grito até quando a indecisão me permite, até
que a raiva venha me beijar feito mulher
que enfia a língua na boca do seu homem.
Sou pássaro sem asas, alçando imaginário vôo
Através da noite, rumo ao impossível,
Em busca do sagrado, do comestível.
Longe de mim, fora do meu ego, busco qualquer coisa
De eterno, duradouro, qualquer migalha de dádiva,
Qualquer sobra de milagre, poesia, amor.
E se morro, aos poucos, a cada instante, rezo
E peço às musas da poesia
Que me concedam um único beijo da mulher
Que nunca mais amei...


CRÉDITOS:  Maximiliano da Rosa

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